Os exemplos abaixo expõem como a forma de elaborar uma pergunta pode levar a resultados discrepantes. E alertam para o quanto deve ser cuidadosa a redação de um questionário de pesquisa para não se produzir vieses que prejudiquem o entendimento da realidade.

 
Quem redige um questionário de pesquisa deve se colocar no lugar de quem vai respondê-lo - independentemente do nível cultural, situação socioeconômica, gênero e faixa etária. Não pode pressupor que haverá compreensão tendo por base seu próprio arsenal de conhecimentos e seu modo de ser. Deve colocar-se do outro lado, “calçar o sapato” do entrevistado e imaginar se todos  os termos usados nas questões serão entendidos, seja qual for o nível do respondente. Isso não que dizer que temas complexos não possam ser abordados junto aos diferentes estratos da população, mas é preciso traduzi-los de uma forma clara para que a incompreensão não leve a distorções. 
 
Questionar é uma técnica complexa. O primeiro grande problema é que a maioria dos entrevistados responde o que lhe é perguntado, mesmo sem entender bem a pergunta. Sabendo disto, o redator deve evitar expressões vagas como "os governos", "os candidatos", "a qualidade", dentre outras. Classificações também podem confundir o respondente: “excelente”, “ótimo” e “bom” são conceitos muito próximos, muitas vezes tomados por sinônimos. Quantificações podem atrapalhar o interrogado: "frequentemente", "vários" e "muitas vezes" são mensurações que nada medem. Medidas de tempo, por sua vez, podem ser imprecisas: "recente" pode evocar poucos dias, poucos meses ou até mais de um ano. E por aí a fora vão os exemplos.
 
Psicólogos cognitivos e pesquisadores experientes recomendam a inclusão, em todo projeto de pesquisa de opinião, seja de mercado ou eleitoral, um pré-teste do questionário. É um recurso essencial para evitar erros e vieses oriundos não apenas do design amostral e, sim, da própria conversa com o entrevistado.  O exemplo mostrado no início dá uma ideia clara de como uma simples alteração na forma de perguntar conduz a resultados tão significativamente diferentes, no caso, em uma pesquisa com 600 amostrados.