O que os governadores Jaime Lerner, Roberto Requião, Itamar Franco, José Richa,, Jorge Bornhausen, Álvaro Dias, Orestes Quércia, Beto Richa e Paulo Afonso têm em comum?

São “cases” que fazem parte do “book” do Instituto Bonilha. Um portfólio contendo centenas de pesquisas eleitorais confiáveis, feitas para orientar candidatos e ajudar eleitores a escolher melhor.

O Instituto Bonilha inclui, na sua história, a participação em mais de uma dezena de campanhas para governador, 90% delas vitoriosas.

Como vemos as eleições deste ano? Como um grande desafio democrático. Como nos sentimos? Altamente qualificados, dispostos, energizados e empenhados. Como atuamos? Sob a bandeira da seriedade, independência e soberania, dialogando inteligentemente com a população.




Grupos focais (focus groups) realizados com jovens, nas proximidades de eleições, mostram o drama da exposição à violência urbana a que estão submetidos esses cidadãos brasileiros. Sentem-se desprotegidos quando circulam, sozinhos ou acompanhados, nas idas e vindas para a escola ou para o trabalho e nas andanças de lazer e entretenimento. Vivem dois papéis. Como vítimas potenciais, sofrem medo. Como suspeitos, preconceito.

Em todo lugar as mesmas queixas e constatações. Especialmente quando são menores e habitantes de regiões desfavorecidas ou periféricas, afirmam receber tratamento indigno. São vistos com desconfiança tanto por parte de civis quanto pela polícia. No caso da polícia, na  ausência de regras objetivas, informação e treinamento, a abordagem segue a intuição. E essa é influenciada pela aparência, roupa, corte de cabelo, cor da pele, tatuagem, dentre outros sinais. As condições do bairro e da habitação passam também a integrar a classificação.

Na mesma linha, os cidadãos comuns pautam sua conduta em julgamentos preconcebidos. Mantêm distância, aguardam, atravessam a rua para não cruzar com jovens. Quando dirigindo, não é incomum que prefiram avançar o sinal vermelho para não arriscar contato visual ou verbal com algum deles presente nas cercanias.

A causa dessa cautela excessiva entre todos, dessa desumana prevenção, desse receio desmesurado, está na gravidade da situação, que gera um fluxo intermitente de notícias verdadeiras sobre a violência. Violência ininterrupta que tira o gosto pela vida, quando não a própria vida. Violência gritante que coloca o pais no topo vergonhoso das estatísticas mundiais.

A eleição se aproxima e o horário eleitoral será palco para a exploração da insegurança das famílias e das comunidades. Eleitores saberão que os candidatos conhecem a demanda e que estão cientes sobre a necessidade de se fazer algo. E, novamente, as tão esperadas propostas de solução para esse descalabro virão. Virão, como sempre, fantasiadas de ... mais módulos... mais viaturas... mais efetivos... mais armamentos... Como se a quantidade de votos fosse proporcional à quantidade prometida. Que tal mais... muito mais inteligência?

Segundo eles, o voto não tira a violência das ruas.



Conhecem o ditado. Elas estão por aí, sim. Escondidas.E são muitas. Mas alguns, por desconhecimento do seu inestimável papel na democracia ou por uma visão paternalista de tutela do cidadão, tentam demonízá-las e desacreditá-las. Não são nefastas. Ao contrário, as pesquisas eleitorais devem e precisam ser vistas como um instrumentos legitimamente democráticos, que permitem dar voz às opiniões, esclarecer, informar e levar fatos relevantes à sociedade.

Engana-se quem acha que pesquisas são raras nessas eleições. A divulgação, sim, com certeza, infelizmente. Fatores variados concorrem para isto. Primeiro: é prematura a propagação de números tão distante ainda do pleito. Segundo: a pesquisa tende a ser tratada também como propaganda eleitoral e, como tal, submetida às regras eleitorais e consequentes processos judiciais que acompanham esse tipo de assunto - um terreno arriscado tanto para quem as produz como para quem as divulga. Terceiro: o franco favorito evita mostrar sua força para não acirrar a concorrência e o fraco não deseja expor a sua situação de inferioridade. Vitimando o eleitor, outras vezes seus resultados acabam sendo ocultados por meio de recursos judiciais, com a intenção de esconder o crescimento do oponente ou situações de empate às vésperas das eleições.

Mas que elas  existem, sem dúvida, existem. Todos os candidatos, todos os partidos fazem pesquisas, a forma mais segura de monitorar as preferências, o clima da competição e as mudanças de humor do eleitor. Impossível traçar qualquer estratégia de campanha política sem empregá-las, ferramentas de trabalho essenciais no planejamento de ações eleitorais.

Lado oculto

Atualmente mais sofisticadas, as pesquisas não mais se limitam a buscar percentuais de intenção de voto. A incorporação de inteligência de gestão nas campanhas, por profissionais egressos de cursos de administração e de gestão pública, de marketing e de psicologia, estão impondo uma formatação técnica no lugar da mera inspiração de alguns. A partir disto, novidades trazidas do competitivo mundo empresarial - como as plataformas de gestão, sistema de indicadores e modelos estatísticos preditivos - aportam na batalha eleitoral. E, colaborando com esses recursos, surgem novas modalidades de pesquisas para a aprimorar o conhecimento e a compreensão do comportamento eleitoral, a exemplo do que acontece nos países mais desenvolvidos.

É bem verdade que esta face mais complexa da pesquisa, marcada pela cientificidade, acaba não chegando ao grande público. A ele ainda é reservada a informação simplificada: a que apresenta os candidatos com maior chance de vencer - aliás a essência de tudo, nos moldes atuais de se fazer política, centrada em lideranças pessoais. A imensidão geográfica, o atraso cultural do país e das suas lideranças, para piorar, compõem um amplo cenário para o florescimento de informações manipuladas e para a substituição de pesquisas idôneas e verdadeiras por boatos, desorientando eleitores e políticos.

Que existem, existem mesmo.


Um dia antes do último embate da Copa que consagrou a Alemanha, 29% dos brasileiros estavam torcendo pela Argentina. A flagrante, frustrante e fragorosa derrota perante a Alemanha merecia uma revanche. Mas os brasileiros estavam mesmo divididos, pois outra parcela, inconformada com a boa performance dos argentinos, endossou a Alemanha, aposta que deu certo. O restante, na ocasião, também inconformado, escondeu-se na neutralidade.

Bem antes, em junho, as pesquisas mostravam o estado de espírito dos torcedores mundo afora. Os argentinos não estavam tão convictos: menos da metade acreditava em uma conquista favorável a eles (47%). Um quarto achava que daria Brasil (25%). Do outro lado do Atlântico, na Alemanha, o pessimismo era maior: apenas 16% dos germânicos acreditavam poder vencer. Liderava, por lá, a impressão de que a conquista caberia ao Brasil (29%).

Por aqui, praticamente dois terços dos brasileiros visualizavam a vitória (64%) e um décimo previa uma conquista alemã (10%). Os brasileiros viam a Argentina não como vencedora, mas como um sério risco crescente (34%), enquanto a Argentina enxergava o Brasil como um país com futebol bonito (39%).

Excluir-se da Copa significou contrariar a impressão mundial, registrada pela pesquisa em 19 países, de que os brasileiros jogam bem. Ao cair fora, reverteu-se a confiança dos próprios brasileiros na modalidade esportiva que faz parte da identidade nacional.

Acompanhamos o desenrolar da pesquisa com a intenção de conhecer melhor o engajamento dos fãs de um esporte que envolve e encanta multidões. A pluralidade do comportamento das torcidas e a complexidade na decisão de trocar de time na medida em que as eliminações ocorrem, mostram que o futebol é ainda um "campo" aberto e promissor para estudos das ciências humanas.

Prematuro, assim, é tentar estabelecer uma relação entre a campanha brasileira na Copa e com um impacto na outra campanha: a eleitoral. A psiquê do torcedor esteve condicionada à competição em outros sistemas sociais, o do lazer e entretenimento, com forte implicação nas agendas competitivas do sistema de defesa da nação, pela simbologia bélica implícita. Como os sistemas são inter-relacionados, sim, haverá algum rescaldo nas decisões políticas do eleitor-torcedor. Mas é impossível precisar de que forma e com qual intensidade. Pode ser mais racional, num balanço de custo-benefício do evento, ou mais emocional, somando-se as tensões relativas a vida em geral.

O que se sabe é que a frustração se distribui no tempo, ou seja, na curva da memória. Em 30 dias, a coincidir com o início da propaganda eleitoral, o desastre da derrota estará menos presente na cabeça dos eleitores. O declínio na lembrança vai depender da ênfase e das repetições na mídia. Presumindo que uma semana após o término do evento os meios de comunicação já estejam direcionados a outros assuntos, o fato estará aos poucos se encaminhando para ocupar um espaço cinzento da história do futebol brasileiro.

Mais uma queda para os brasileiros que torceram para a Argentina ganhar da Alemanha.