Vale a pena convidar os leitores a reler nosso post de de 31 de agosto. Temos insistido que os resultados das pesquisas devem ser interpretados com o auxílio de outras referências. Os percentuais, isoladamente, nem sempre confirmam a tendência que sugerem.  Eis o texto:

Até agora, nenhuma análise publicada das pesquisas presidenciais está levando em conta o Halo Effect. O que é isso? É um fenômeno que afeta a percepção do indivíduo sobre os candidatos, levando-o a manifestar uma opinião desprovida de base real, portanto volúvel. Particularmente nesta eleição, o fenômeno revela-se muito mais forte. Motivo: fatos recentes de grande repercussão e impacto, precedidos por eventos que têm envolvido emocionalmente os brasileiros, tais como a Copa, manifestações, insegurança quanto ao consumo e sucessão de escândalos. Na eleição presidencial americana, o efeito incidiu sobre Obama desvirtuando resultados de pesquisas eleitorais.

ACONTECEU


As discussões eleitorais sobre a maioridade penal, como esperado, têm sido superficiais. O assunto menor, cuja discussão mais aprofundada seria indispensável, na sua ausência parece enveredar por um caminho perigoso. O fato é que o menor infrator continua sendo objeto de cobertura exagerada dos meios de comunicação.

O adolescente, como é sabido, carece de uma grande necessidade de aprovação do seu grupo de referência, a que pertence e ao qual presta contas. Na busca de reconhecimento, expõe-se inconsequentemente a riscos, movido pela rebeldia natural e típica da idade.  Afinal, o caráter exibicionista, desregulado nessa fase da vida, pode contribuir para incitá-los a obter destaque no grupo, prestando-se a práticas não exatamente saudáveis e socialmente pouco acatadas.

Nas recorrentes abordagens de fatos negativos pela mídia,  relativas aos desatinos cometidos pelos menores, não se percebe  o necessário cuidado para evitar a consolidação dessa aura de onipotência que cerca o mundo dessas não mais crianças e ainda não adultos. Frequentemente emerge o inevitável assombro e indignação da sociedade diante da enxurrada de noticias sobre crimes e delitos cometidos por menores infratores. Há uma superexposição midiática do menor que comete roubos, crimes e assassinatos.

A espetacularização dos seus atos, a dramatização das reportagens, assegura-lhes um reconhecimento positivo perante seus pares delinquentes, embora negativo para as vítimas.  A própria audiência vive a dualidade de deplorar e, ao mesmo tempo, sentir-se capturada pelas histórias dessas celebridades negativas.  Esse drama social, muitas vezes, adquire dimensão de aventura cinematográfica, conferindo  poder a seus protagonistas que continuarão a empregá-lo predadoramente. Quando ocorre assalto, latrocínio, agressão ou estupro, a ênfase da notícia passa a ser os atores,  quando cometidos por menores. A violência é o fato em si, independentemente de quem a cometeu. Quando o praticante menor ganha destaque na ocorrência policial, incorre-se no risco de imprimir um reforço às ações infratoras desse segmento, dando-lhes uma visibilidade altamente compensadora.

Hoje o menor infrator tem um lugar quase de honra dentro das quadrilhas criminosas, já que, quando uma ação desses grupos resulta em prisão, cabe a eles assumir a responsabilidade pelas ações mais violentas. O menor expiatório passou a fazer parte do arsenal das quadrilhas criminosas.  Aquele meninos de 14, 16 ou quase 18 anos, praticamente inimputáveis, carregam as armas e são encarregados de dispará-las.  Heróis nas gangues e, quando muito, "apreendidos" pela sociedade.

A mídia deve  ter cuidado para não enaltecer essas ações e esses personagens para não criar novos “comando qualquer coisa da capital”. Aliás, ao nominar essas facções ou batizá-las com siglas, em letras maiúsculas,  empresta-lhes legitimação, distinção, um brilho de poder, sugerindo uma conotação aventuresca ou videogâmica.

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Começou a propaganda política oficial. Pelo menos dois textos consistentes, bem ensaiados pelos candidatos à presidência, buscando uma estréia impecável. Prenúncio de muitas outras palavras criteriosamente selecionadas pelos editores das campanhas. Mas duas delas, decisivas quando se pensa no destravamento de ações e destituição de privilégios que sufocam  o país, não serão pronunciadas. E fariam parte da questão que, embora a mais importante, terá um papel secundário entre os grandes temas da campanha: a reforma da Constituição.

Uma, com 29 letras, descreve algo que é efetuado de maneira muito anticonstitucional, o oposto ao prescrito na Constituição. Outra, com 27 letras, na mesma linha, designa o mais alto grau de inconstitucionalidade. São elas: anticonstitucionalissimamente e inconstitucionalissimamente. Palavras, infelizmente, fora do vocabulário de muitos brasileiros influentes, inclusive da própria Justiça.

Horário Eleitoral


O colunista da Revista AMANHÃ e diretor do Center for Inovation Excellence and Leadership (IXL), de Cambridge (EUA), acredita que as companhias não têm saída: é inovar ou morrer. Durante o 3ª Meeting de Inovação, promovido pelo Sistema FIERGS, por meio do Instituto Euvaldo Loti (IEL-RS) e do Senai-RS, o especialista em inovação Hitendra Patel (foto) destacou que os CEOs precisam saber que, além de gerenciar o presente, estão criando o futuro.

No entanto, conclui, é natural que os projetos de inovação tenham trajetórias não lineares e que envolvam muitas tentativas, erros e retrabalhos. “Se quiser ser um cozinheiro comum, siga a receita. Se quiser ser um chef, experimente”, ensina Patel. Experimentar quer dizer ganhar conhecimento e desenvolver habilidades que estabeleçam diferença entre o que costuma ser e o que poderá vir a ser. A pesquisa faz parte do contexto de experimentação.

O que você quer ser: cozinheiro ou chef?


Nova temporada nos palcos do teatro eleitoral. Candidatos avaliam resultados dos grupos focais para saber o que aprimorar em sua aparência física, na linguagem gestual e na comunicação verbal. Tudo deverá estar convincentemente integrado pois a exposição em público irá se intensificar nos próximos dias. Ante o risco de aparições desastradas, a primeira dúvida é: como os eleitores querem e devem me ver? A outra questão indissociável é: serei percebido como autêntico e verdadeiro?

É frequente a surpresa dos candidatos quando descobrem que não são o que pensam ser. Grupos de eleitores, após assistirem e discutirem horas de vídeos mostrando o candidato e seus opositores, escrutinam e autopsiam a imagem de cada um deles. Tudo é revelado: linguagem, entonação, estilo, sorriso, modo de olhar, penteado, vestimenta e, no seu conjunto, simpatia e credibilidade.

ANTES
Esta preocupação com o modo de se apresentar está presente em toda a história da política, desde a antiguidade. Mais mais recente, mais marcante e com final ignóbil, temos o exemplo do vilão nazista que manipulava as multidões com uma intencional sincronia entre vocabulário, frases de efeito e gestos. Nada era espontâneo, como tentava fazer crer. Muito pelo contrário, tudo ensaiado e proposital. Incumbia um fotógrafo de registrar seus momentos em público para análise e avaliação posterior. Em um álbum de fotos, anotava os comportamentos que provocavam maior impacto emocional, os mais persuasivos, para aperfeiçoá-los e repeti-los.

ATUALMENTE
Os tempos mudaram. A liderança, hoje, deve se distinguir pela autenticidade. Para o meio empresarial ou político, renomadas instituições de ensino disseminam conhecimento para aperfeiçoamento de atributos de liderança. Por meio da pesquisa qualitativa e do coaching, as peculiaridades positivas de uma pessoa podem ser moldadas para compor uma figura de liderança. Todo mundo tem um líder adormecido dentro de si, que se desperta pela realização das potencialidades inatas relacionadas com a atenção, razão, sinceridade, intuição e bom senso.

Claro que ainda existem, mundo afora, falsos líderes, bárbaros propensos a cometer crimes contra a humanidade em nome de doutrinas políticas ou religiosas. Cultivam artimanhas, argumentos e artifícios para a manipulação das massas. Não estão livres, no entanto, das reações que, muitas vezes, podem atingir proporções globais. Mais informados, mais alertas e mais conectados em redes sociais e digitais, os públicos presentemente tendem a distinguir as intenções mascaradas e os significados implícitos na linguagem demagógica de políticos presos ao passado e às práticas ultrapassadas.

A sociedade, agora, está mais alerta em relação a tudo que se esconde atrás das mascaras, vigilante quanto às intenções e atenta quanto aos verdadeiros significados implícitos nas mentiras explícitas.

Há quase 100 anos, um meticuloso ensaio de gestos.