Por mais aversão que isto suscite, inegavelmente, eleição é um  fértil campo de trabalho. Só estranharia quem ignora a natureza essencial do sistema capitalista e da democracia. Uma campanha eleitoral, não importa para qual cargo seja, adquire enorme capilaridade geográfica. Poderá envolver tanto a nação como um todo, como um minúsculo bairro de uma pequena comunidade. São milhares de frontes de batalha, a exigir recursos humanos e, deles, inteligência para gerir e coordenar.

Uma campanha eleitoral nada mais é do que um tipo de organização. Assemelha-se ao modelo corporativo ou militar. Sua missão é conquistar ou manter uma posição de poder. Ao longo da história, as campanhas tornaram-se mais complexas, tendência acentuada nos últimos anos. As mudanças comportamentais dos eleitores e os avanços tecnológicos impuseram transformações nas suas práticas.

Como efeito, abriu-se espaço para gestores dotados de visão holística, capazes de dominar e concatenar as informações que impactam e pressionam os processos eleitorais. Seu papel é captar, processar, analisar e sintetizar dados para a criação de contextos estratégicos persuasivos, sustentadores de táticas efetivas de influência e atração de eleitores.

Estes novos condutores, devem liderar equipes de profissionais preparados e proativos, sem o que, sozinhos, não conseguiriam atingir estes objetivos:

  • flexibilizar e customizar o processo de geração e distribuição de informação
  • examinar os aspectos críticos dos processos da campanha
  • avaliar situações emergentes, ameaças, vulnerabilidades e riscos (inclusive cibernéticos)
  • aplicar a informação na gestão de crises 
  • utilizar competitivamente informações em iniciativas destinadas a ganhar superioridade
  • analisar as decisões de marketing e comunicação da campanha
  • estabelecer critérios de valorização da cidadania e padrões de dignidade social a serem respeitados durante toda a campanha

Tais ações tornam-se factíveis, operacionalizadas com eficiência  e implementadas eficazmente, se amparadas e concentradas em uma unidade a englobar todas elas: um núcleo de informações estratégicas e pesquisas. A produção própria e exclusiva, hoje, é um passo à frente dos adversários concentrando benefícios inegáveis. Sigilo e confidencialidade, imprescindíveis numa campanha, sobrepõem-se a todas as vantagens: tem-se o controle total da obtenção e da disseminação da informação, selecionando-se quais tipos poderão ser produzidos e liberados, quando, onde, como e para quem.

O lema de um curso de pós-graduação em Guerra de Informação, de uma academia européia, resume bem a missão de um núcleo de informações e pesquisas estratégicas: Protagonizar iniciativas, antecipar mudanças e capitalizar oportunidades.
Inúmeras ferramentas analíticas, originárias do mundo corporativo ou militar, são empregadas nas campanhas eleitorais.