Na maioria dos países democráticos do planeta, os institutos de pesquisa fazem notar seu protagonismo em todos os momentos decisivos dos processos eleitorais. Independentes ou adstritos à mídia, exercem indiscutível ascendência sobre o planejamento das campanhas eleitorais, enquanto fornecem vigorosa orientação para os eleitores. Integram o bloco das instituições que espreitam e fornecem suporte às eleições,  do início ao término. Partidos, veículos de comunicação, tribunais eleitorais, organizações não governamentais, agências de propaganda e consultorias de marketing - em paralelo com os institutos de pesquisa - empenham-se na seleção e renovação dos governantes. Cada qual exerce sua função: decidir, regular, julgar, influenciar ou informar. E informar, fielmente, em consonância com a realidade social e política, é a missão precípua dos institutos de pesquisa de opinião.

A face oculta do preparo para a conquista do poder, geralmente desconhecida dos eleitores, inclui a identificação prévia de oportunidades e de percalços, que são esquadrinhados e destrinchados por meio de análises, com antecedência de muitos meses. Essa prática é inteiramente calcada em pesquisas de opinião associadas a dados secundários. E novas técnicas analíticas lhe trazem novo fôlego: big data, visualização de dados e análise de sentimentos. Especialmente neste ano, o imenso acervo de manifestações despejadas diária e diretamente nas redes sociais compõem um rico ambiente para  apreciação contínua e criteriosa, pelas pes
quisas, do estado de ânimo do eleitorado.

A disponibilidade de múltiplas fontes de dados desafiam os pesquisadores a convertê-los em informações estratégicas. Os dados que nas eleições anteriores serviam apenas para otimizar processos, agora são insumos para a geração de melhores propostas de valor para conquistar votos e para compor diferenciais competitivos para o candidato. Contribuem para assegurar o bom andamento de uma campanha porque acorrem a desvendar riscos, a ajustar a imagem do disputante, a desenvolver as competências da equipe, a moldar planos de benefícios para os cidadãos e a afinar discursos para obtenção de máxima interação simpática com o eleitor. Sua utilidade vai além: abrange a precaução ou o enfrentamento de momentos adversos, a exemplo das difamações, más notícias, fake news e de outros eventos negativos impactantes no curso da disputa eleitoral.

Todavia, ao contrário do que ocorre nas grandes democracias, em que pese sua imprescindível presença e inegável utilidade, lamentavelmente, as pesquisas políticas e eleitorais sofrem toda sorte de restrições - são inexpressivas em número, duvidosas quanto à qualidade técnica e se originam de poucos  institutos  - empobrecendo o fluxo e a discussão das opiniões dos cidadãos. 
Todos opinam. Até os muros falam. A pesquisa ouve, analisa e interpreta a vontade popular.