Repetem-se os ataques e contra-ataques entre políticos e pesquisadores. Esse cenário belicoso é agravado pela crescente falta de credibilidade do sistema politico e pela suspeição relativa às pesquisas eleitorais. Uma parcela dos políticos acha cômodo optar pela censura no lugar da dissecação e solução do impasse. Haja vista pensar de forma analítica e minuciosa é um comportamento raro para os representantes do autoritarismo. A situação é grave por se tratar de nova tentativa de solapar a democracia, restringindo o direito dos cidadãos à informação.

A suspeita que paira sobre as pesquisas eleitorais é incentivada pelos próprios políticos quando se sentem prejudicados pela revelação de resultados desfavoráveis que os envolvem. E, a cada nova eleição, intentam a mesma solução: acabar com elas ou neutraliza-las, impedindo sua publicação na proximidade do dia da eleição. Os eleitores, na maré das notícias negativas, acabam induzidos a desconfiar dos levantamentos de opinião. As notícias, observe-se, são superficiais e com o demérito de contornar a discussão e incitar julgamentos simplistas. Assim veiculadas, os meios de comunicação omitem-se de cumprir sua missão de praticar e zelar pela liberdade de expressão e informação.

O âmago do debate sobre as pesquisas eleitorais deveria ser outro que não o da manipulação ou fraude. O foco a ser buscado é o das técnicas empregadas para a condução das pesquisas. A incompreensão das metodologias - de como são feitas, de quando e onde são realizadas, por quem, da sua validade no tempo e do seu papel informativo - induz conclusões errôneas e precipitadas. Há de se perguntar, acima de tudo, se o maior problema não seria o do oligopólio dos institutos que as realizam? Por que uma presença tão reduzida de institutos de pesquisa no processo eleitoral? Eleições presidenciais, num país como o Brasil, precisariam ser acompanhadas e avaliadas, no mínimo, por duas dezenas de institutos. É incompreensível que, a partir do questionamento das poucas pesquisas realizadas por apenas três ou quatro institutos, pretenda-se restringir os direitos dos cidadãos de tomar conhecimento do andamento das eleições. E limitar o potencial de atuação de dezenas de institutos sérios.

Pesquisas proporcionadas pela participação no período eleitoral de uma quantidade maior de institutos, com o emprego de diferentes metodologias, tanto quantitativas como qualitativas, enriqueceriam o debate comparativo de conteúdos.Os resultados das pesquisas se originam das opiniões da população. A opinião pública, que deve ser respeitada, é devolvida à própria sociedade para que ela se veja no espelho. Livremente, sem intervenção e sem tutelagem, exceto o necessário controle da Justiça Eleitoral. Este último, já existente, é suficiente, mas poderá ser aperfeiçoado. O aprimoramento das pesquisas de opinião é o inverso do que está sendo almejado. Veja o noticiário sobre o assunto. Leia a notícia.