As informações, por definição, começam a se compor a partir de dados extraídos da realidade. A principal fonte de dados são as pessoas. Uma maneira de extrair os dados que elas detêm é através de entrevistas criteriosas. Atualmente há quatro modalidades de entrevistas amplamente utilizadas nas pesquisas de opinião e mercado, todas elas apresentando vantagens e limitações específicas.
Entrevistas pessoais
Entrevistas presenciais (face-to-face interviews) constituem a forma mais dispendiosa e demorada de obtenção de dados, junto aos respondentes. Todavia, ainda é a melhor maneira de abordar qualquer assunto, principalmente quando envolve algum tipo de demonstração de produto ou assunto complexo.
As entrevistas pessoais transcorrem com muita flexibilidade. Pode-se usar uma quantidade expressiva de perguntas, desdobra-las, repeti-las, ouvir com tranquilidade o entrevistado, inclusive observando-se seus comportamentos não verbais. Há melhor compreensão de respostas espontâneas. É comum o uso de material ilustrativo no seu transcurso, para ser manuseado pelo entrevistado. Um conjunto completo de alternativas de respostas pode ser mostrado em cartões, tornando mais fácil a lembrança e a escolha. Quanto à duração, o contato face-a-face pode durar até uma hora.
Sua maior desvantagem é o custo das equipes, principalmente quando há longos deslocamentos para a consecução das entrevistas. Quanto maior for o número de entrevistas, maior deverá ser a equipe de coleta de dados.
Acaba se tornando também um fator de demora, ao lado de outros, como o tratamento da informação quando proveniente de questionários impressos. A tendência é a de se coletar as respostas em tablets, sendo essa técnica chamada de Computer-Assisted Personal Interviewing (CAPI).
Entrevistas por e-mail
A coleta de dados por meio de um questionário anexado a um e-mail apresenta séria limitação: não se pode prever quantos terão retorno e de onde virão. A experiência com esta técnica revela altos índices de não resposta: o percentual pode variar de 90 a 99%, A representação controlada de variáveis como cidades, regiões, categorias profissionais, sexo, faixa etária, etc, torna-se prejudicada. Ficam sub-representadas, trazendo viés para o resultado geral, em razão de uma amostra proporcionalmente desequilibrada. Assim, essa técnica é apropriada para a investigação de públicos homogêneos, em que não ha exigência de segmentação.
Somam-se às desvantagens a possibilidade de distrações paralelas, a exemplo da leitura e respostas de outros e-mails, vídeo, internet, redes sociais, etc. Diferentemente, as entrevistas pessoais ou por telefone, por estarem transcorrendo num momento único, ficam livres das distrações tecnológicas.
Entrevistas por computador
A entrevista por computador (Computer-Assisted Web Interviewing - CAWI) é uma técnica bastante difundida. Por meio dela, o respondente faz o login num web site e fornece suas respostas. Ele digita diretamente em um formulário aberto no seu próprio computador. Os recursos gráficos que a técnica disponibiliza auxiliam o entrevistado a compreender melhor as questões e a respondê-las com conforto e sem pressões externas.
As respostas são captadas numa base de dados, poupando-se o tempo de coleta, digitação, codificação, exigidos por outras formas de obtenção de respostas.
A atual disseminação do uso de computadores permite a cobertura de amplas áreas geográficas.
Entrevistas por telefone
As entrevistas pessoais constituíram uma técnica dominante por longo período, até que a pesquisa por telefone (Computer-Assisted Telephone Interviewing - CATI) passou a ser mais difundida. Com a popularização dos telefones, a pesquisa passou a contar com este meio para a localização, identificação e aplicação de entrevistas.
Nesse sistema, o entrevistador conduz a conversa, usando um headset, defronte a um terminal que expõe o questionário. O questionário é armazenado em um servidor, as perguntas são exibidas na tela do computador durante a entrevista, enquanto o entrevistador insere diretamente as respostas por meio de teclado e mouse. Ele lê a questão para o entrevistado e registra de imediato a resposta, diretamente, minimizando erros, inclusive de redirecionamentos de uma resposta para outra questão correlata (pulos ou skips).
Uma das vantagens importantes da CATI, é que ela permite considerável complexidade quanto ao questionário, uma vez que a ramificação é tratada inteiramente pelo computador. Qualquer caminho pode ser seguido através do questionário. O sistema pode ser programado para ir de uma pergunta específica a outra, inclusive mais à frente, quando for o caso. Estes “pulos” podem ter como base o que o entrevistado responde numa única pergunta ou nas respostas a várias perguntas.
Uma desvantagem da pesquisa por telefone é que, em questões de múltipla escolha, as quais permitem várias respostas, torna-se difícil para um entrevistado recordar todas as opções de respostas possíveis. Isto exige que questões desta natureza sejam divididas em perguntas separadas.
No geral, a técnica é bastante flexível para investigar vários assuntos, junto a respondentes institucionais, comerciais ou domésticos. É útil especialmente quando as pessoas a serem entrevistadas estão distantes.
A entrevista telefônica, como no face-a-face, facilita o entrevistador a estabelecer relacionamento com os entrevistados. Indivíduos que poderiam ignorar questionários remetidos por e-mail ou correio e que não iriam responder a certas perguntas podem ser persuadidos a fornecer respostas verdadeiras ao telefone.
Além disso, um entrevistador bem treinado pode reconhecer quando um entrevistado tem alguma dificuldade e, nesse caso, empregar as técnicas apropriadas para orientá-lo, sem comprometer a integridade da entrevista. Exige, claro, uma equipe bem treinada para a finalidade, não podendo ser confundida com telemarketing.
Um plano de amostra representativa e proporcional pode ser concretizado pelo uso de entrevistas telefônicas. É possível estabelecer metas mínimas a serem cumpridas, para garantir a representatividade de região, profissão, classe social e outras variáveis de interesse. Os resultados, desta maneira, poderão ser isolados por subgrupos de informantes ou generalizados para o conjunto do público-alvo investigado.
Tal como na entrevista pessoal, algumas vezes a entrevista telefônica requer agendamento, quando se esclarece o tempo necessário para sua realização (em média 15 e não mais do que 30 minutos). Para a obtenção de uma entrevista, dependendo do público, faz-se até dez tentativas antes da substituição do potencial entrevistado.
Entrevistas por técnica híbrida
A utilização da entrevista online (CAWI), como apoio ou alternativa à pesquisa por telefone (CATI), deixa mais à vontade aqueles informantes que preferem responder as questões com maior prazo e mais liberdade. Desta forma, o entrevistador, depois de contatar o amostrado por telefone, negocia a melhor forma de obter as opiniões e as percepções do entrevistado: se por telefone mesmo ou em formulário disponibilizado num web site, acessado mediante senha, para assegurar o sigilo das respostas.
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