Na proximidade do Dia das Mães, o assunto é... o filho. "Não precisa ter medo, meu filho. Já acabou". Mentirinha de mãe para confortar o filho assustado, durante uma estúpida contenda campal, dessas que acontecem todos os dias, em todos os cantos do mundo. Aquela mãe, como qualquer outra, teme pela sua prole em risco. Seja em razão dos descasos que prejudicam as crianças, seja pela crueldade contra elas, que não escolhe hora nem lugar para acontecer.
Nos dois últimos anos, as estatísticas sobre essa realidade incharam. O noticiário nesse período foi alarmante. Omissão, imperícia ou imprudência na condução das batalhas sangrentas e manifestações violentas ou, pior, crueldade mesmo, culminaram em tortura, mutilação, sequestro, tráfico, escravização, emigração, expulsão ou eliminação de crianças. Por adultos, possivelmente... pais; por razões conhecidas, todas tendo por núcleo a disputa pelo poder político, religioso ou econômico.
Cidadania infantil
Sem entrar no mérito da beligerância, basta fazer um zoom num rostinho de criança para brotar uma incômoda reflexão sobre o comportamento humano que as faz padecer. O pequeno ser é um pedacinho do futuro, sendo influenciado e moldado pelo entorno. Se ele faz parte de um cenário de tirania, sofrimento e submissão, se não tem chance de viver em paz e igualdade, o que esperar desse cidadão?
Não se pode advogar de forma radical a posição de que apenas pais e ambientes são tudo para a criança. Todavia, é inegável que são fatores que não podem ser menosprezados. Assim, impõe-se a todos a responsabilidade de garantir defesa e proteção às crianças e suas mães, dando-lhes apreço, carinho e atenção. Nem todo mal se origina apenas da sociedade, mas o exemplo de práticas mais humanas contribui para a construção de um mundo melhor, com menos hostilidade e injúria ao seu mais nobre patrimônio.
Muito se fala em cidadania - direito de votar, de acompanhar as contas públicas, de participar das decisões políticas, enfim, direito de ter direito - mas esse conceito se estreita e fica minguado quando se aplica à criança. A infância, o ninho da cidadania, envolve valores que não podem definhar, de respeito à ingenuidade e à fragilidade, à incapacidade de reagir e de entender. De garantir tranquilidade e o essencial para sua sobrevivência física e psíquica. O poder que refuta os valores e os direitos das crianças é na sua essência imaturo. Sinônimo de... infantilizado.
Cuidados na pesquisa
Criamos pesquisas de marcas como Top Baby e Top Kids. Fizemos muitas outras sobre papinhas, guloseimas e cremes infantis para assadura. Na política, investigamos a situação da infância e, com base nisso, sugerimos o que governos devem fazer por ela. Ao realizarmos pesquisas com crianças ou tendo por foco o público infantil, nossa percepção ampliou-se juntamente com a sensibilidade para com seus direitos. Sempre seguimos padrões internacionais para a condução de pesquisas com e sobre crianças. Eles foram delineados para promover orientação técnica para este campo sensível. Em se tratando de crianças, todas as etapas exigem a sua salvaguarda, desde o consentimento e permissão, a linguagem utilizada, uso de materiais, privacidade, até a oferta de compensação ou incentivos. Ninguém contesta que é importante ouvir as crianças diretamente ou seus pais a respeito delas, mas os pesquisadores devem estar conscientes sobre suas vulnerabilidades.
Alegria rima com cidadania. Medo rima com degredo. |