Gostaram da palavra? A criatividade é uma graça que grassa por aqui. É de graça.

O fato é que o país arrasta, sôfrego, sua carga de males seculares, um fardo maldito sobre seu frágil lombo atrofiado pelo crescimento minguado. De progresso, apenas escassos indícios, massacrado pela lentidão, parasitismo político, ignorância popular e disseminada falta de imaginação.

A esperteza, na raiz de todos os problemas, tudo permeia. Em todos os cantos, cantões e canteiros do país revela sua impressionante dinâmica de regeneração: fermenta, cresce, prolifera, gera anticorpos, resiste e perpetua-se. Obtém a dádiva da vida, como um premio à sua incrível genética. Autogênese, homogênese, endogênese, para quem queira uma explicação genética para a malandragem.

Para o cidadão atônito, alienígena em seu próprio país, resta-lhe assistir a interpretação cotidiana de sessões corridas de shows grosseiros: fantoches manejam fantoches em múltiplos palcos edificados para exibições de manipulação e ilusionismo.  Prestidigitações para criar belos castelos, usando como cartas as varias figuras que compõem o caos.

Tribunas, praças, ruas, estradas ou palácios - qualquer lugar se presta a esses shows midiáticos de equilibrismo desastrado - não poderia ser diferente, num clima de desestabilização que se espraia.  De um regime de presidencialismo disfarçado, mal assentado num sistema de capitalismo socialismo híbrido, descamba-se para algo que merece o apelido: antiestablishmentarismo.

Quando o establishment se desfaz, o piche do impeachment consegue restaurá-lo?