Emmanuel Macron e Justin Trudeau tornaram-se modelos universais. Sua influência faria os candidatos brasileiros, aos governos federal e estaduais, a mudarem o paradigma eleitoral, escapando do jeitinho brasileiro de competir?
O notável desempenho de ambos, na disputa presidencial no Canadá e na França, resultou em vitórias retumbantes, com características pitorescas, despertando a atenção dos marqueteiros eleitorais de vários países. Conquistas oportunas, pois irromperam no momento da exaustão do receituário sugado de Barack Obama.
Ao contrário de Hillary, o figurino do democrata americano entusiasmou os gestores das campanhas da última década, inclusive brasileiras, até extenuar-se. Decretando o esgotamento das soluções baracknianas, as iniciativas dos candidatos francófonos afrontaram padrões convencionais, despertando a imaginação e a cobiça de lideranças de todos os rincões. Arautos do sucesso franco-canadense começam a percorrer o mundo, aconselhando e propagando dicas e macetes que por lá funcionaram.
Afinal, qual foi mágica deles? Pesquisadores de mercado que atuam também em pesquisas eleitorais, como nós, não estranharam o emprego dos princípios estratégicos, técnicas analíticas e plataformas costumeiramente usadas no mundo corporativo. Por exemplo, a concepção de um Oceano Azul, em moda nas grandes empresas, impactou decisivamente a performance de Trudeau. Tais ferramentas causam estranheza aos gestores de campanhas afeitos às velhas práticas eleitorais.
Os exemplos desse par, Trudeau e Macron, estão aí para demonstrar a possibilidade de planos de ação diferenciados, mais do que para serem seguidos ao pé da letra, sabendo-se impossível. É perceptível a discrepância entre as duas celebridades da política mundial e os nossos candidatos presidenciais ou pretendentes aos governos estaduais. Diferentes visões, históricos, formações, posturas e temperamentos. Comportamentos arraigados com diminutas aberturas ao risco da inovação.
É difícil imaginar o advento de alguém, nos nossos palanques, com o perfil Trudeau, transformando-se em um case study internacional, em estudo nas renomadas escolas de marketing de vários países, que procuram compreender o êxito da sua atuação. Não neste momento.
Sem dúvida, a première na nova etapa da vida política da dupla foi marcante. Pergunta-se sobre o sequenciamento e como acabará o governo de cada um, novos astros do cenário internacional. Resta aguardar para avaliar se acabarão como estrelas cadentes ou ascendentes ao enfrentarem os desafios de atendimento aos imperativos dos seus países e ao implementarem suas intervenções globais.
Suplantando a gama de ideologias tradicionais, Trudeau e Macron venceram o anacronismo dos adversários tradicionais. |