Nova temporada nos palcos do teatro eleitoral. Candidatos avaliam resultados dos grupos focais para saber o que aprimorar em sua aparência física, na linguagem gestual e na comunicação verbal. Tudo deverá estar convincentemente integrado pois a exposição em público irá se intensificar nos próximos dias. Ante o risco de aparições desastradas, a primeira dúvida é: como os eleitores querem e devem me ver? A outra questão indissociável é: serei percebido como autêntico e verdadeiro?

É frequente a surpresa dos candidatos quando descobrem que não são o que pensam ser. Grupos de eleitores, após assistirem e discutirem horas de vídeos mostrando o candidato e seus opositores, escrutinam e autopsiam a imagem de cada um deles. Tudo é revelado: linguagem, entonação, estilo, sorriso, modo de olhar, penteado, vestimenta e, no seu conjunto, simpatia e credibilidade.

ANTES
Esta preocupação com o modo de se apresentar está presente em toda a história da política, desde a antiguidade. Mais mais recente, mais marcante e com final ignóbil, temos o exemplo do vilão nazista que manipulava as multidões com uma intencional sincronia entre vocabulário, frases de efeito e gestos. Nada era espontâneo, como tentava fazer crer. Muito pelo contrário, tudo ensaiado e proposital. Incumbia um fotógrafo de registrar seus momentos em público para análise e avaliação posterior. Em um álbum de fotos, anotava os comportamentos que provocavam maior impacto emocional, os mais persuasivos, para aperfeiçoá-los e repeti-los.

ATUALMENTE
Os tempos mudaram. A liderança, hoje, deve se distinguir pela autenticidade. Para o meio empresarial ou político, renomadas instituições de ensino disseminam conhecimento para aperfeiçoamento de atributos de liderança. Por meio da pesquisa qualitativa e do coaching, as peculiaridades positivas de uma pessoa podem ser moldadas para compor uma figura de liderança. Todo mundo tem um líder adormecido dentro de si, que se desperta pela realização das potencialidades inatas relacionadas com a atenção, razão, sinceridade, intuição e bom senso.

Claro que ainda existem, mundo afora, falsos líderes, bárbaros propensos a cometer crimes contra a humanidade em nome de doutrinas políticas ou religiosas. Cultivam artimanhas, argumentos e artifícios para a manipulação das massas. Não estão livres, no entanto, das reações que, muitas vezes, podem atingir proporções globais. Mais informados, mais alertas e mais conectados em redes sociais e digitais, os públicos presentemente tendem a distinguir as intenções mascaradas e os significados implícitos na linguagem demagógica de políticos presos ao passado e às práticas ultrapassadas.

A sociedade, agora, está mais alerta em relação a tudo que se esconde atrás das mascaras, vigilante quanto às intenções e atenta quanto aos verdadeiros significados implícitos nas mentiras explícitas.

Há quase 100 anos, um meticuloso ensaio de gestos.