Ainda não nos chamávamos Instituto Bonilha. Começamos a atividade
de pesquisa de opinião fora da Universidade. Criamos uma estrutura própria.
Nossa visão era manter o DNA acadêmico, agregando recursos inovadores, como a
microinformática que acabara de surgir. Desafiávamos os poucos institutos “jurássicos”
que existiam e exercitávamos a recém-conquistada liberdade de opinião. A ideia perseguida
e atingida era tornar-se original, ousar e conquistar credibilidade para
assegurar a sobrevivência e continuidade do empreendimento.
Ao imaginar um instituto dedicado a perscrutar a opinião
pública, tínhamos ao nosso lado todo o aparato teórico necessário: sociólogo,
Rogerio Bonilha além da sociologia lecionava as disciplinas essenciais para a
prática das pesquisas, ou seja, metodologia científica e métodos e técnicas de
pesquisa. Os hardwares para processamento de informações, privilégio das
universidades e de dois ou três grandes institutos, aqueles enormes computadores,
repentinamente encolheram: ganharam a forma de escrivaninhas e foram rebatizados
de microcomputadores.
Com poucos meses de trabalho de programação e testes, veio à
luz a primeira versão de um aplicativo específico para pesquisa. Exclusivo,
próprio e, mais importante, funcional. Apesar das pesadas placas de circuitos e
algumas válvulas do microcomputador dos anos oitenta, tornou-se viável produzir,
em poucos dias, o que antes exigia um semestre. Conseguimos o essencial para
começar a operar: digitação de resultados, tabulação, cruzamento de variáveis e
emissão de tabelas. Apenas um único susto: a primeira tabela a ser produzida
pelo aparato exigiu 18 horas de esforço da modesta máquina. Após alguns ajustes
no programa – e esfriadas as mentes e as válvulas - o milagre aconteceu: longos
relatórios feitos em minutos, em formulário contínuo, numa impressora
matricial.
Observando e procurando entender as causas dos desastrosos
desacertos das pesquisas divulgadas na época, conseguimos resultados consistentes.
Causamos impacto junto à mídia, ao revertermos o quadro existente de descrença nas
pesquisas. Consolidamos, assim, o compromisso de construir uma história duradoura
de confiança acumulada.
O momento era propício. A liberdade de expressão retornava após anos
repressão. Pedir para o povo falar, expressar suas opiniões, registrar suas
respostas e divulgá-las com precisão era um genuíno exercício de liberação. Na
sequencia, uma surpresa: a Folha de S.Paulo batizou a "equipe do professor
Bonilha" de Instituto Bonilha. Novo ciclo, o de autonomia total, com o desligamento
físico da UFPR, onde foi incubada e nasceu a ideia de criar para a sociedade
brasileira mais um canal democrático: um instituto de pesquisa de opinião de
origem científica, livre, independente e tecnicamente competente.
Sede Histórica do Instituto Bonilha |