Há dez anos, o
índice brasileiro de desemprego era de 13%. A população, nas nossas pesquisas,
apontava este item como um dos maiores problemas do país, na companhia da saúde
e da segurança. Os números apresentados pelo o IBGE, nos últimos meses, giram
em torno de 5%. Para melhor, a renda média elevou-se e, por extensão, a
familiar. Há projeções de muitas vendas no final do ano e de inadimplência baixa.
O que continua
surpreendendo é o fato da qualificação para o trabalho ser tratada como um
assunto secundário, embora haja forte carência de mão de obra preparada,
especialmente para atender o segmento industrial na sua busca de
competitividade. Mesmo assim, segue em frente o milagre de uma economia voltada
para o consumo, saudado com alegria por muita gente.
Nesse cenário aparentemente
saudável, o que continua ruim é a assistência à saúde da população. E a
segurança segue na mesma pista, ambas acumulando índices alarmantes de
descontentamento. Mas emprego e renda não proporcionam às famílias o desejado
acesso aos serviços médicos particulares? Não reduzem a criminalidade
originária da miséria? Parece que não.
Um orçamento
familiar mais reforçado e iniciativas como os programas sociais de distribuição
de renda apenas retardam uma crise maior. Com dinheiro no bolso, o governo
poderia ser mandado às favas pelos cidadãos, mas seu papel ainda é o de suprir
aquilo que os salários não resolvem. Por maior que sejam os valores, os
problemas continuarão a devorá-los com avidez.
Nas duas
situações, saúde e segurança, não se pode culpar a falta de iniciativa dos
governos de tomar decisões. Elas sempre existiram, envelheceram e ressurgiram atreladas
a novos calendários, às administrações que se sucedem e às lideranças que
desaparecem no tempo. O que falta? Nem sempre é dinheiro e, sim, compromisso
com a continuidade. E um pouquinho de inteligência na gestão pública.