Os teóricos dos movimentos sociais, em sua maioria sociólogos, psicólogos sociais e cientistas políticos, estão tendo um trabalho a mais. Integrar, para efeito de suas sínteses, os protestos sociais à política institucional, criando modelos de compreensão da vida social cada vez melhores. Até recentemente, esses protestos eram vistos como uma forma divergente de se fazer política ou como uma intromissão nos modelos políticos tradicionais. Gradativamente, de intrusos passaram a ser considerados fatores relevantes na transição de regimes autoritários para democráticos. Na década de 70, ainda inspirados nos eventos que marcaram o mundo nos anos 60, um sólido corpo teórico sobre esses fenômenos passa a se consolidar. E, assim, a cada década, seu papel e sua conceituação vêm mudando.

Agora, o que tem estimulado um reestudo da matéria é a tendência de muitos movimentos acabarem sendo incorporados nos arranjos institucionais da política e da sociedade, sem criar um impacto desestruturador em ambas. Não trazem transformações radicais nas estruturas políticas, nem nas instituições da sociedade. Um exemplo: em alguns países, percebe-se a redução das repressões violentas contra greves, marchas e outras manifestações. Encontram-se alternativas, como a criação de canais de negociação antes-durante-e-depois. Os movimentos sociais se tornaram mais frequentes e menos disruptivos. E seus resultados, bem ou mal, vão se acomodando, encontrando lugar e sendo absorvidos.

Atualmente, há uma diversidade crescente como os sem terra, sem teto, sem maconha, sem automóveis, contra violência, com bicicleta e com armas, dentre outros; há feministas, homossexualistas, religiosos, étnicos e éticos. A nova eclosão, recente, tem na mira Copa das Copas: contra ou a favor.

Sobre este tema, fica a sugestão. Em tempo de chutes em bolas x chutes em portas, competição x quebradeiras, que os estudiosos tomem os protestos como unidade de análise. Este movimento contém processos e características específicas, embora se inter-relacione e se respalde em bases passionais, culturais e políticas mais amplas e complexas. Da nossa parte, estamos prontos para ajudar com as pesquisas. Então, vamos lá acadêmicos: driblar, apontar e... chutar no gol, marcando pontos com uma bela tese, no campo teórico.